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Festival da comunidade encanta moradores do Asylo de Mendigos

Canto Lírico preencheu os corredores do prédio centenário, emocionando idosos e artistas

23-01-2019 | 18:00:40

Muito mais do que um período de aulas para estudantes ansiosos por saber mais ou apresentações gloriosas em pontos tradicionais do município, o Festival Internacional Sesc de Música é um presente para a comunidade de Pelotas. Singelas, mas capazes de provocar reações diversas e espontâneas - das lágrimas aos risos - as melodias foram levadas por talentosos artistas a um público especial. Na tarde dessa quarta-feira (23), a turma de Canto Lírico adentrou o Asylo de Mendigos, emocionando moradores, funcionários e curiosos que prestigiaram a apresentação.

Fotos: Gustavo Vara

Os 18 alunos e dois professores, de oito regiões do país – São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Minas Gerais, Distrito Federal, Amazonas, Goiás e Rio Grande do Sul – inicialmente, iriam performar apenas 12 canções. Todavia, ao saberem que parte dos cerca de 100 idosos que vivem no local não poderiam sair das camas, decidiram encerrar com um cortejo que tomou conta do prédio centenário, percorrendo todos os quartos e ecoando pelas alas.

Linguagem universal

Nem a dificuldade de locomoção, a deficiência visual ou mesmo a perda auditiva foram obstáculos para a plateia. Desde as conhecidas de brasileiros, como 'A noite do meu bem', 'Eu sei que vou te amar' e 'Carinhoso', até outras em língua italiana e inglesa, as músicas ganharam a companhia de palmas e vozes que fizeram coro. 

Cecília, Maria e Lamartine aproveitaram o melhor do Festival - Fotos: Gustavo Vara

De sorriso fácil e disposta à conversa, Cecília Almeida Duarte, moradora do local há três meses, se espantou com a potência se sons graves e agudos a cada mudança de tom, apesar da dificuldade para ouvir. “A música é muito boa. Gosto de ter atividades diferentes da rotina”, contou.

O canto também embalou romances pelos corredores. Os namorados Maria Rodrigues e Lamartine Branco, que vivem na instituição e se conheceram há um ano e meio, trocaram carícias e juras de amor com uma trilha sonora única. “É maravilhoso poder ouvir isso”, disse ela em meio a beijos na bochecha que nem a presença dos andadores impediu de acontecer.

Até mesmo a mascote do Asylo, a cachorrinha vira-lata Mel, apareceu para espiar a movimentação. Ela acabou seguindo o cortejo e fazendo a festa.

A flor da pele

Conforme o cortejo avançou pelo espaço, as emoções afloraram entre os cantores. Por muitas vezes, os soluços e o choro impediram que a voz saísse, mas não fizeram com que o grupo parasse de seguir em frente. A apresentação foi preenchida pela reciprocidade na forma de cumprimentos, apertos de mão, elogios, acenos e sorrisos.

Fotos: Gustavo Vara

O professor Flávio Leite, que veio de Porto Alegre para transmitir conhecimento no Festival e acabou guiando a apresentação pelas alas, destacou a importância de participar destas ações e que a energia transmitida, segundo ele, “é a melhor possível!”. 

“A música é um exercício de empatia e solidariedade. A voz não é nossa, está a serviço de algo maior e precisa ser compartilhada com os outros”, afirmou o professor.

Para a provedora da instituição, Beatriz Rosa Xavier, restou apenas a gratidão após o término da ilustre visita. “Todos ficaram encantados! Agradeço muito a oportunidade que o Festival de Música, os artistas e a Prefeitura nos deram”, resumiu.

 Confira mais fotos da apresentação no Flickr da Prefeitura

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festival internacional de música, asylo de mendigos, cultura, música

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