Quando os encontros da primeira turma do projeto ACT – Criando Crianças Seguras começaram a ocorrer, a dona de casa Letícia Mendes achou que não conseguiria se livrar das práticas abusivas em seu relacionamento com os filhos. Na sétima e penúltima sessão realizada nesta quarta-feira (22), com a facilitadora Suzana Martins e as outras quatros mães que participaram das atividades, Letícia relatou não sentir mais necessidade do uso da força para garantir o bom comportamento das crianças.

      A história de Letícia se parece com a de outras mães do grupo, que ao longo das sete sessões na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Bernardo de Souza, aprenderam técnicas para possibilitar que os pequenos – hoje com 3 anos – tenham um futuro longe da violência. 

A sétima sessão envolveu atividades em grupo. Fotos: Gustavo Mansur

      Nesses encontros, Iris Cardoso, Juliana Domingues, Graciela Soares e Rosa dos Santos tiveram a oportunidade de falar sobre seu relacionamento com os filhos e familiares, recebendo em troca ensinamentos que mudaram a rotina em casa. Entre as conquistas observadas, as mães destacaram o exercício do diálogo e da paciência, além da construção de vínculos com o uso da leitura, o que também proporcionou a proximidade e mais momentos de carinho entre pais e filhos.

Sétima sessão

      No encontro desta semana, o tema abordado foi a disciplina positiva para estabelecer limites e opções de recompensa baseadas no carinho e na atenção. Para que as cinco mães pudessem compreender o impacto que uma simples frase dita no momento errado poderia causar na vida do filho, a facilitadora Suzana separou duplas e pediu que as participantes escrevessem frases ditas em situações-limite e quando o objetivo era acalmar a criança.  

Mães falaram sobre sua experiência com as técnicas do ACT. Fotos: Gustavo Mansur

“Para prevenir consequências no futuro, precisamos educar as crianças hoje, enquanto elas são pequenas”, destacou Suzana durante a primeira atividade da semana.

      A atividade complementou os aprendizados da sessão anterior, quando os estilos parentais foram discutidos com o grupo. Por meio de um exercício caseiro, as mulheres falaram sobre o tipo de pais que tiveram e qual modelo gostariam de exercer com os filhos. Pais carinhosos, mas, que impõem limites quando necessário foram os padrões mais desejados pelas mães.

“Conforme os relatos das mães, educar não é uma tarefa fácil e os filhos são nossos para o resto da vida, então precisamos aprender a corrigir comportamentos enquanto eles ainda são pequenos, para que no futuro possamos colher o resultado dessa educação”, afirmou a facilitadora.

      Na próxima quarta-feira, o grupo se reunirá na última sessão da turma, quando terão um momento para comemoração das conquistas obtidas na relação com os filhos, por meio das técnicas do ACT. Além das mães, as crianças e outros familiares também irão participar da reunião na Bernardo.

Conheça o ACT

      As técnicas do ACT – Criando Crianças Seguras, estão sendo ensinadas aos pais de 220 crianças pelotenses atendidas pela Coorte de 2015. O método integra as ações do eixo de Prevenção Social do Pacto Pelotas pela Paz e fazem parte de um projeto pioneiro chamado Estudo Piá – Primeira Infância Acolhida, que está em desenvolvimento pela Prefeitura por meio de um convênio com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Os resultados observados no ACT, somados aos de outra metodologia intitulada Conte Comigo, poderão embasar novas políticas públicas destinadas às crianças.