Pertencente ao Pacto pela Paz, o ACT reúne 108 famílias para discutir temas pertinentes à educação dos filhos longe da violência
27-09-2019 | 12:26:36
A influência dos meios eletrônicos no desenvolvimento motor e cognitivo das crianças, bem como as consequências que o seu uso excessivo pode acarretar a longo prazo foi tema de um dos grupos do ACT – Criando Crianças em Ambientes Seguros, nesta sexta-feira (27). O programa do Pacto Pelotas pela Paz está presente em diversas regiões da cidade, alcançando 108 famílias pelotenses, com o objetivo de fortalecer os vínculos afetivos, ensinar sobre o crescimento infantil e, sobretudo, estimular relações saudáveis, baseados no diálogo e no afeto, que se mantenham distantes da violência.
O grupo de 12 pais e mães da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Mário Osório Magalhães foram instigados pela facilitadora e assistente social Thaís Medeiros a refletir sobre os motivos que os levavam a permitir a utilização de meios, entre eles televisão, computador e celular, como ferramenta de distração dos filhos. Ela alertou para as consequências comportamentais e físicas que o excesso desta tecnologia e, até mesmo, determinados conteúdos, impróprios à idade, podem causar.
“Precisamos buscar alternativas para reverter este processo. Determinar o tempo e o tipo de jogos e programas que as crianças vão assistir é fundamental, por isso é importante prestar atenção no tipo de mensagens que os desenhos estão passando; alguns, estimulam atos violentos e prejudiciais à saúde”, esclareceu a facilitadora.
A coordenadora do ACT, Alicéia Ceciliano, ressaltou a importância de conversar com os filhos acerca dos conteúdos que visualizam, considerando a idade em que estão e o fato de que eles costumam reproduzir aquilo que presenciam ou veem. Também salientou que as crianças – por não saberem discernir, com exatidão, a fantasia da realidade – podem não conseguir diferenciar o que é mentira e o que é verdade.
“Elas precisam entender que violência na vida real machuca as pessoas, que os super-heróis de verdade são aquelas pessoas corajosas e que fazem o bem aos outros”, ponderou Alicéia.
Dando exemplos do cotidiano, os pais compartilharam opiniões e experiências vivenciadas em casa com os filhos, o que contribuiu para a reflexão sobre as consequências do uso dos meios eletrônicos para o corpo e a mente das crianças. Entre as mais preocupantes apontadas por eles, estiveram o prejuízo à interação social e à coordenação motora. Como solução, o incentivo para mais brincadeiras e a dosagem do período destinado para este fim, durante o dia.
Janaína da Rocha afirmou que o ACT tem colaborado para que ela consiga quebrar o ciclo de violência, ao qual presenciou na sua infância. Mãe de um bebê de 1 ano e 6 meses, ela destacou como o programa a tem feito repensar algumas atitudes. “É muito fácil reproduzir o que vivenciamos antes. Quando tive meu filho decidi ser diferente e já me noto diferente, mesmo em poucas semanas. Aprendemos a ter um olhar mais paciente e compreensivo, a lembrar que precisamos tratá-los como crianças e não miniadultos”, contou.
A mãe também enalteceu a relevância de trocar conhecimento com outros pais, o que a tranquiliza em alguns momentos. “Às vezes ficava me sentindo uma péssima mãe, mas, aqui, vejo que todos passamos por isso e são normais algumas ações dos filhos”, complementou. Na próxima semana, o programa vai abordar com os pais os estilos parentais – qual o exemplo que tiveram quando pequenos e qual modelo gostariam de exercer com os filhos.
Pelotas foi a primeira cidade do mundo a implantar a iniciativa – presente em 14 países – como política pública, em escolas e centros de assistência social. Os 14 facilitadores do programa recebem capacitação, semanalmente, com psicólogo para rever os conceitos trabalhados com as famílias, o que dá mais propriedade e segurança à atuação dos profissionais. A coordenadora reforçou o aspecto de integração do programa – algo intrínseco ao Pacto Pelotas pela Paz –, já que entre os profissionais envolvidos estão pedagogos, coordenadores de escola, assistentes sociais e psicólogos. Desde o ano passado, 218 famílias foram beneficiadas pela metodologia.
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