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Tambores e emoção marcam o Dia Municipal do Sopapo

Ato no Paço Municipal contou com representantes de diversos segmentos da cultura afro

Por Joice Lima 04-02-2025 | 09:36:57

Sete tambores de sopapo foram as estrelas do ato em comemoração ao Dia Municipal do Sopapo, celebrado na tarde de segunda-feira (3) no Paço Municipal. "É um dia especial, quando abrimos as portas dessa casa para celebrarmos um elemento muito importante da nossa cultura negra. Falar de sopapo é falar de Giba Giba, do mestre Baptista, do mestre griô Dilermando que, por onde passa, carrega o nosso sopapo", destacou a vice-prefeita Daniela Brizolara. A cerimônia teve dança, canto e poesia com o Grupo Oju Obá - Cantos Sagrados e Populares, da UFPel, e muito tambor.

Daniela agradeceu ao vereador Paulo Coitinho (Cidadania), pela iniciativa de ter criado a Lei 7.222/2023, que instituiu o Dia Municipal do Sopapo. Também é dele a autoria da Lei 9615/21, que declara o Tambor Sopapo Patrimônio Imaterial da cidade. "Agradeço a todos que estão aqui. Nós somos resistência, o sopapo é resistência! Muito obrigada por fazerem, junto conosco, que essa história não passe em vão", destacou a vice-prefeita, representando o prefeito Fernando Marroni no ato.

Fotos: Rafael Almeida

Também esteve presente o autor do livro Vivência do Sopapo – Memórias da Ancestralidade e filho do mestre Baptista, José Batista, uma das figuras icônicas do Festival CaBoBu, que teve a primeira edição no ano 2000. De iniciativa do músico percussionista Giba Giba (Pelotas, 1940 - Porto Alegre, 2014), o CaBoBu buscou resgatar a importância do grande tambor, com todos os seus significados e ressonâncias na cultura pelotense. Mestre Baptista ministrou oficinas para a construção de 40 sopapos, na primeira edição do Festival. O nome CaBoBu unia a primeira sílaba do apelido de três antigos percussionistas: Cacaio, Boto e Buxa, como forma de homenageá-los. Eles representavam, também, todos os tocadores de sopapo.

Na música de encerramento, Aos Mestres do Tambor, de Janete Flores, todos foram convidados a dançar no saguão da Prefeitura. Na sequencia, os sete tambores de sopapo e o coral saíram do prédio e continuaram a cantoria na calçada, entre o Paço e a Bibliotheca Pública Pelotense (BPP). 

Foto: Rafael Almeida

O ato organizado pela Diretoria de Manifestações Populares da Secult contou com a participação dos secretários de Governo, Miriam Marroni, de Cultura (Secult), Carmem Vera Roig, de Igualdade Racial, Júlio Domingues, e da Mulher, Marielda Medeiros, dos diretores de Manifestações Populares da Secult, Daniel Amaro, e de Planejamento e Projetos da Secult, Alexandre Mattos, além da chefe de departamento de Manifestações Populares, Helenira Brasil.

Também estiveram presentes integrantes de entidades representativas da cultura afro, como o Núcleo de Políticas de Educação das Relações Étnico-Raciais da UFPel;,Conselho Municipal de Cultura (Concult), Conselho Negro de Pelotas, Grupo Odara, Clube Cultural Fica Ahí, o babalorixá Juliano de Oxum, representando líderes religiosos, Academia Pelotense de Letras (APL) e a produtora do CaBoBu, Sandra Narcizo. Pela UFPel, estiveram Janaize Neves, representanto a Pró-reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), e a coordenadora de Arte, Cultura e Patrimônio da Pró-reitoria de Extensão e Cultura, Eleonora Santos.

  

Sopapo 

Instrumento originário das charqueadas, na Pelotas do século XIX, os sopapos eram fabricados pelos negros escravizados, a partir de troncos de árvore e couro de cavalo. O grande tambor, como também ficou conhecido, tornou-se popular no Carnaval de Pelotas, Rio Grande e Porto Alegre, nos anos 1950, mas ao longo das décadas, acabou por cair no esquecimento. O Festival CaBoBu, em 2000, veio para resgatar sua importância histórico-cultural. A terceira e última edição do Festival foi em 2023.

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