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Encontro materno infantil apresenta indicadores de Pelotas

Oitava edição do evento também trouxe especialistas em ginecologia e obstetrícia para tratar sobre o pré-natal de baixo e alto risco

05-07-2018 | 18:21:27

      Na tarde desta quinta-feira (5), o espaço do auditório Dom Antônio Zattera, da UCPel, foi destinado à disseminação de conhecimentos e à apresentação de indicadores relativos à mortalidade infantil no município. O 8º Encontro Materno Infantil, organizado pela Secretaria de Saúde (SMS) em parceria com o Comitê Municipal de Investigação de Óbitos Infantis, Fetais e Morte Materna (Comai), é uma das ações do programa Infância Protegida, do eixo de Prevenção Social, do Pacto Pelotas pela Paz.

Fotos: Gustavo Mansur

      Além de divulgar os dados dos óbitos fetais e infantis, o evento visa promover o fortalecimento das rotinas de pré-natal junto aos profissionais que atuam na atenção primária em saúde. Titular da SMS, Ana Costa ressaltou a importância de envolver a comunidade – para que as pessoas busquem o atendimento junto às Unidades Básicas de Saúde (UBSs) – as equipes e os hospitais, a fim de qualificar a rede de atenção a gestantes e recém-nascidos da cidade.

“Em 2017, Pelotas construiu uma proeza, já que, pela primeira vez na história, o município teve índices de mortalidade infantil abaixo de dois dígitos. Esta vitória não é apenas um número… Significa a vida de muitos bebês que conseguimos salvar. Estamos aqui para refletir sobre o que precisamos fazer para melhorar ainda mais nesta área”, acrescentou Ana Costa.

Reconhecimento de boas práticas

A secretária também entregou certificados em reconhecimento a UBSs que desempenham boas práticas na rotina de seus atendimentos: a criação de grupos constantes de gestantes e a realização de testes rápidos. As unidades Getúlio Vargas, Caíque Pestano, Vila Princesa, Cordeiro de Farias, Dunas, Areal Leste, Obelisco, Guabiroba, Fátima e Simões Lopes receberam a homenagem.  

Fotos: Gustavo Mansur
“A omissão no cumprimento do nosso compromisso pode levar a resultados negativos, por isso, lembrem que não é só um teste, só uma busca ativa, nem só uma visita domiciliar. Isso pode significar um óbito ou uma vida”, lembrou a chefe da SMS.

Indicadores

Um panorama atual da mortalidade no município foi apresentado pelas responsáveis dos programas de Saúde da Criança e Saúde da Mulher, respectivamente a enfermeira Sabrina Silveira e a psicóloga Renata Muenzer. Em 2017, 32 óbitos fetais foram registrados em Pelotas, e no primeiro quadrimestre deste ano, 16 já foram constatados. Idade materna entre 18 e 29 anos, parto cesárea e tempo gestacional de 28 a 40 semanas apresentam os maiores índices referentes à mortalidade. Infecção urinária (33%), sífilis (18%) e tabagismo (15%) configuraram entre os principais fatores de risco gestacional, em 2017. Já neste ano, a diabetes (30%) e a hipertensão (13%) despontam como as causas principais.

      No ano passado, Pelotas apresentou os melhores indicadores relativos à mortalidade infantil – 9,9 para cada 1000 nascidos vivos –, sendo que, em 2016, o município chegou a registrar 15,9; em 2015, 12,9; e em 2014, 13,5.  

Causa dos óbitos

A prematuridade foi a principal causa dos óbitos infantis nos últimos três anos – representando 43%, em 2016; 37%, em 2017; e 80%, no primeiro trimestre de 2018. Malformações, infecções e morte súbita aparecem como as próximas causas. Bebês com menos de 1000 gramas e com tempo de vida inferior a 28 semanas concentram os maiores índices de óbito infantil. Para interferir nesta realidade e reduzir, cada vez mais, os indicadores de mortalidade, o evento buscou incentivar a qualificação da assistência pré-natal, a fim de ser uma das principais estratégias para a prevenção destas mortes.

Atenção ao pré-natal

      A professora de ginecologia e obstetrícia da UCPel e plantonista da maternidade do Hospital Universitário São Francisco de Paula, Rozana de Miranda Mendes, foi responsável por abordar questões sobre o pré-natal de baixo risco. A médica salientou que ele é o principal indicador de prognóstico do nascimento e destacou que a qualidade das consultas interfere, diretamente, na saúde de mães e bebês –através de encontros bem-sucedidos, a solicitação de exames necessários e as suas corretas interpretações. Rozana também apontou a realização da anamnese como fator importante na rotina da relação médico-paciente, além das orientações sobre vacinação, hábitos saudáveis e a execução de exames físicos primordiais.

“Temos que fazer uma anamnese geral, nos inteirar sobre o contexto familiar e social desta gestante; descobrir com o que ela trabalha e onde mora, para avaliar uma possível exposição a riscos. É necessário estarmos sempre abertas para responder as dúvidas, acolher as angústias e lembrar que este processo deve ser repetido em todas as consultas, já que algumas gestantes podem demorar a se sentir mais à vontade”, comentou a médica.  

A segunda palestra da tarde foi ministrada pela médica ginecologista e obstetra do Hospital Escola da UFPel, Esther Gonçalves Ballester, que tratou aspectos do pré-natal de alto risco – as doenças que mais apresentam riscos às gestantes, formas de diagnosticar casos que necessitam de atendimento diferenciado e tipos de tratamento adequados nestas situações. Esther apontou a diabetes, hipertensão, toxoplasmose, infecção urinária e cistite como fatores que merecem atenção redobrada no atendimento a essas mães.  

Foto: Divulgação

     Veja mais fotos no Flickr da Prefeitura.  

Tags

encontro materno infantil, mortalidade infantil, pré-natal, boas práticas

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