Verba de R$ 395 mil beneficiou 1,5 milhão de pessoas. Esta é a 26ª unidade de saúde requalificada por meio de mão de obra prisional
09-07-2019 | 13:10:24
Referência em saúde para mais de 1,5 milhão de pessoas de 27 cidades da Região Sul do Estado, o Pronto Socorro de Pelotas (PSP) foi entregue totalmente reformado e ampliado à população, nesta terça-feira (9). Desde 2018, cerca de R$ 395 mil foram investidos pelo Município na infraestrutura do local, qualificando detalhes que vão fazer toda a diferença no atendimento à população.
Pela 26ª vez, o projeto Mão de Obra Prisional (MOP), do Pacto Pelotas pela Paz, assina a requalificação de uma unidade de saúde na cidade e fortalece o aspecto ressocializador defendido pela prefeita Paula Mascarenhas, que conheceu a nova recepção do PSP, ao lado do vice Idemar Barz, secretários e vereadores.
“Fico muito orgulhosa porque conseguimos concluir esta obra sem interromper o atendimento no Pronto Socorro. Os moradores de Pelotas e da região, que vêm para cá em momentos de fragilidade, merecem espaços em condições melhores de acolhimento. Por isso, agradeço e cumprimento os trabalhadores do MOP, os servidores da unidade e todos os envolvidos na transformação do PSP”, ressaltou a prefeita.
Paula também lembrou que o local não representa as causas dos problemas da Saúde pelotense, mas, sim, os sintomas e reflexos de um sistema bem mais amplo que, por muitas vezes, ultrapassa os limites das competências municipais. “Precisamos identificar onde realmente estão os problemas e nos unirmos para irmos atrás das soluções”, reforçou.
A Prefeitura investiu mais de R$ 29 mil, de recursos próprios, na construção de 29 metros quadrados da nova sala de espera, permitindo um espaço mais acolhedor e que oferece mais comodidade aos pacientes à espera de atendimento e à população que aguarda notícias de seus familiares. Ar-condicionado, televisão e outros 28 assentos compõem a nova recepção do PSP.
Passando pelos corredores e indo até as salas localizadas no fundo da casa de saúde, cada canto recebeu uma série de reformas, que vão desde pintura e instalação de novo acabamento até a ampliação de espaços e requalificação da iluminação. Exemplo disso é o novo espaço de acolhimento de pacientes que chegam à unidade, sediado em área maior e mais próxima da entrada de emergência. Como novidade do serviço, a disponibilidade de realizar exame de eletrocardiograma, o ECG (aparelho que avalia o ritmo dos batimentos cardíacos).
Diariamente, cerca de 250 usuários são atendidos pelo Pronto Socorro. Dos acolhimentos realizados por dia, em média 20% permanecem no PS aguardando uma definição do quadro clínico, para o correto encaminhamento. Só no primeiro quadrimestre de 2019, o espaço acolheu quase 30 mil pessoas. Deste total, 70% foram atendidos por equipes do PS, enquanto os outros 30% referenciados a outras unidades de atendimento do Município. Em 2018, o local acomodou e tratou 92.191 pessoas.
Segundo a diretora técnica da unidade, Rosana van der Laan, por ser um dos únicos serviços ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS) que funciona 24h – junto à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Areal –, o PSP acaba absorvendo uma grande demanda, principalmente casos mais graves, exigindo mais de R$ 2,1 milhões para sua manutenção. Desse montante, R$ 730 mil são aportados pelo Município, outros R$ 310 mil pelo Estado e os R$ 970 mil restantes pela União.
A Ala Pediátrica também foi reformada para melhor atender bebês e crianças de zero a 11 anos, 11 meses e 29 dias, recepcionados em um espaço que permite preservar a área do complexo, localizada, agora, na parte da frente do Pronto Socorro. Se, antes, os pequenos precisavam circular entre os adultos em observação e ver toda a movimentação do PSP, com a transferência não mais necessitam ser expostos às alas e ao contato com enfermidades.
Estão à disposição, dos pacientes pediátricos, quatro enfermarias (com três leitos cada), consultórios médicos ampliados, posto de enfermagem, banheiro e sala de espera exclusiva, além de uma central de urgência e emergência.
Gustavo, de 28 anos, é um dos seis apenados do regime semiaberto e responsável pela mudança completa no Pronto Socorro. Orgulhoso de “ter sua mão” na requalificação do prédio, o rapaz se considera feliz por saber que seu trabalho refletirá positivamente na vida de milhares de pessoas.
“Muita gente depende desse lugar e, agora, eles chegam e veem tudo novo e organizado. Me sinto honrado por ter feito parte disso e contente pela forma como nos trataram neste tempo todo… Isso nos deu forças para prosseguir e focar nas coisas boas, além de possibilitar um crescimento e aprendizado enorme”, disse Gustavo.
A atuação primorosa da mão de obra prisional foi destacada pela diretora de Gestão Administrativa e Financeira do PS, Suelen Arduin. “Eles foram indispensáveis para a concretização do projeto”, afirmou. A importância de abrir portas para pessoas em cumprimento de pena e egressos do sistema prisional, para que tenham a possibilidade de reconstruírem suas vidas, foi sustentada pela prefeita.
Para tentar contornar as dificuldades geradas pela grande procura, algumas iniciativas estão sendo adotadas, como a Operação Inverno, que inclui a contratação de mais médicos pediátricos e clínicos a fim de reforçar as equipes. Mesmo o paciente que está no corredor recebe atendimento médico diário, além de ser acompanhado por enfermeiros, técnicos em Enfermagem, nutricionistas, assistentes sociais e farmacêuticos.
Conforme o secretário interino de Saúde, Leandro Thurow, o PS é um serviço de braços abertos a acolher todos que dele precisam e conta com profissionais sempre prontos a ajudar. “Tenho a certeza de que a repaginada que a unidade recebeu nos últimos 18 meses vai fazer muita diferença no ambiente e no bem-estar dos usuários e trabalhadores, que contam com um espaço mais limpo, bonito, otimizado e acolhedor”, apontou Thurow, agradecendo a compreensão dos pacientes e funcionários durante as obras.
Hoje, o Pronto Socorro comporta 47 macas, divididas entre leitos clínicos e de isolamento. Ao chegar no Pronto Socorro, o usuário é acolhido e passa pelo serviço de triagem, que faz a classificação de risco do paciente. Após ser identificada a necessidade de permanência no Pronto Socorro, o cidadão é atendido pelo médico, passa por exames laboratoriais ou de imagem e fica no aguardo de diagnóstico.
Dependendo dos resultados e da gravidade do caso, ele é liberado, posteriormente às devidas medicações e orientações, ou passa a aguardar a disponibilização de um leito hospitalar adequado por um dos cinco prestadores de serviço hospitalares da cidade: Santa Casa, Beneficência, Hospital Escola, São Francisco de Paula e Espírita.
Conforme o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde do Ministério da Saúde, Pelotas conta, atualmente, com 912 leitos SUS, distribuídos em psiquiátricos, clínicos, pediátricos, cirúrgicos, UTIs adulto, pediátrico e neonatal, entre outras especialidades. A Central de Regulação atua 24 horas por dia, por intermédio do Núcleo de Regulação para Leitos Intra-hospitalares, captando-os com o apoio do Vigileitos para monitorar os leitos SUS: a meta é diminuir o tempo de espera dos pacientes no Pronto Socorro.