Dentro do Pacto Pelotas pela Paz, o Banco de Oportunidades oferece vagas em cursos e no mercado de trabalho para jovens em vulnerabilidade
09-07-2018 | 15:58:12
Participar de atividades culturais, gerar renda, permanecer na escola, se profissionalizar para o mercado de trabalho... dar um basta na violência. O que esperam jovens da periferia vinculados ao Banco de Oportunidades, projeto do eixo de Prevenção Social do Pacto Pelotas pela Paz, é uma única chance para se destacar e mostrar que podem, sim, fazer a diferença.
A aposta no potencial da juventude pelotense e uma carência do programa Cada Jovem Conta – que atua nos bairros criando uma rede de proteção para jovens em situação de vulnerabilidade social – deu origem ao projeto. Há muito o Banco de Oportunidades deixou de ser uma ação isolada; por meio dele já foram captadas mais de 300 vagas em Jovem Aprendiz, cursos profissionalizantes, oficinas culturais e no esporte.
“A ideia é pegar um espaço ocioso e preencher com atividades, sejam elas de lazer ou que englobem algum compromisso para esses jovens”, explica o coordenador Pablo Salomão.
Até o momento, 76 adolescentes foram encaminhados a oficinas, 18 à prática esportiva, 16 para confecção da Carteira de Trabalho, 19 para o Jovem Aprendiz e 160 participam de cursos (artes, cabeleireiro, informática e preparação para o primeiro emprego).
Dentro desta iniciativa existe ainda o Banco de Jovens Talentos, localizado na Secretaria de Assistência Social (SAS), que registra qualquer pessoa entre 14 e 24 anos (em vulnerabilidade social) que esteja à procura de uma chance.
“Não gosto do jeito que eu vivo. Eu quero mudar, ser diferente, por isso estou aqui”, conta Thaíssa Silva, 14, estudante da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Jornalista Deogar Soares, selecionada para o Projeto Start.
Uma das principais frentes de atuação do Banco de Oportunidades, o Start é voltado à capacitação para o mercado de trabalho, atendendo a demanda das empresas pela maior qualificação dos adolescentes.
Além dela, outros 239 alunos da rede pública de ensino participam de encontros semanais, divididos em seis módulos - que abordam empreendedorismo, liderança, comunicação, produção de currículos e preparação para entrevistas - ativos no Sítio Floresta, Areal, Colônia Z3, Navegantes, Laranjal, Centro, Getúlio Vargas e Pestano.
A evolução é gradual. Segundo Thaíssa, os primeiros passos para “virar gente grande” já foram dados; a perda da vergonha e a interação com novas pessoas, que são essenciais para quem pretende dar seu melhor, conseguir um emprego e, principalmente, ajudar a mãe.
Dar suporte à família também foi o que motivou Ohana Corrêa, 15, aluna da Emef Afonso Vizeu, a participar. Ela já tem o futuro definido: quer fazer magistério, trabalhar e juntar dinheiro para, quem sabe, cursar Artes Cênicas. Com esses objetivos, a conquista do primeiro emprego é o foco da jovem.
“Espero criar responsabilidades, valorizar o dinheiro, ajudar minha mãe e a mim mesma, porque assim vou amadurecer”, diz Ohana.
O pensamento crítico é estimulado dentro do Start, uma vez que no módulo final os jovens devem criar uma projeto social, a fim de solucionar alguma necessidade de suas comunidades. As oficinas fazem parte do Cada Jovem Conta e têm apoio do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), colaborador em alguns módulos.
Para que o Banco funcione é essencial a participação do empresariado de Pelotas. As parcerias entre Prefeitura, instituições de ensino superior, e o setor privado possibilitam a captação de novas vagas e influenciam de forma direta no futuro dos jovens participantes. Atualmente, mais de 30 entidades apoiam a ideia.
“Com o passar do tempo queremos ter mais instituições ligadas ao Banco, pois quanto mais oportunidades criadas, mais forte fica o eixo de Prevenção”, ressalta Salomão.
Na última terça-feira (3), seis novos apoiadores se juntaram ao Banco de Oportunidades: a Rede Cidadania, formada pela união das Ongs Anjos e Querubins, Jovem Atleta e Juventude do Bairro; Instituto Embelleze; Lifemed; Arrozeira Pelotas; e Teorema Pré-Vestibular.
O diretor da Lifemed, Eloi Tramontin, avalia a parceria como um modo de colaborar com a formação profissional e pessoal. A empresa já oferece vagas em Jovem Aprendiz e procura incorporar os alunos ao quadro de funcionários no final da experiência. Agora Tramontin quer fazer o mesmo por meio do Pacto Pelotas pela Paz.
“Acreditamos na importância do Pacto para todos que sofrem com o aumento da violência. O jovem desocupado torna-se um problema social e a Lifemed se solidariza com o processo, por isso leva esse estudante para dentro da empresa com o objetivo de capacitá-lo e transformá-lo em um cidadão responsável”, resumiu o empresário.