Pelotas é a primeira cidade do mundo a implantar o ACT na rede pública; em agosto, outros 20 grupos serão formados no município
03-07-2019 | 12:07:53
Desde o ano passado, o Pacto Pelotas pela Paz investe na prevenção à violência, como uma aposta a longo prazo para diminuir a criminalidade no município. Nesta terça-feira (2), a Prefeitura realizou a formatura de 95 famílias em um dos programas voltados à primeira infância, o ‘ACT – Criando Crianças em Ambientes Seguros’. Na prática, isso representa que dezenas de mães, pais e cuidadores foram preparados para educar seus filhos sem nenhuma forma de violência, utilizando o diálogo e o afeto como palavras-chave para embasar relações mais saudáveis.
A prefeita Paula Mascarenhas lembrou que Pelotas é a primeira cidade do mundo a implantar a iniciativa – presente em 14 países – como política pública, em escolas e centros de assistência social. Somados aos grupos deste ano, 218 famílias, de todos os bairros da cidade, já foram beneficiadas com o projeto desde 2018.
“O ACT é um programa transformador, que acredita que o amor e as relações humanas podem salvar vidas e preparar um novo futuro. Ele me encanta e emociona porque incentiva modificações simples, mas fundamentais para mudar a realidade das famílias”, afirmou Paula, destacando o objetivo do Município de habilitar servidores públicos para aplicar o programa, o que garante a continuidade do projeto.
A coordenadora do ACT em Pelotas, Alicéia Ceciliano, reforçou aspectos essenciais trabalhados durante os encontros do programa, como o reconhecimento dos erros e acertos, a paciência para lidar com conflitos e a raiva. Além disso, a importância de dedicar um tempo exclusivo aos pequenos, para brincar, conversar e demonstrar afeto.
Programa que prepara famílias para educarem sem violência torna-se política pública
Pacto pela Paz orienta pais à educação sem nenhuma violência
A afirmação é de Daniele, mãe de dois filhos, de 7 e 3 anos. Ela contou que o ACT a motivou a analisar suas atitudes, reconhecer seus erros e também valorizar seus acertos. “Antes eu carregava muita culpa, me sentia uma péssima mãe; mas, com o grupo, vi que não estava sozinha, o que me confortou e aliviou. Entendemos com o programa que não sabemos tudo, mas que podemos melhorar para nossos filhos”, disse.
Em agosto, mais 20 grupos serão formados e a expectativa é alcançar 200 famílias pelotenses. Além das 12 escolas de Educação Infantil (Emeis) e dos dois centros de assistência social, o método será acolhido em duas novas Emeis – José Lins do Rêgo, no Cruzeiro, e Mário Quintana, na Guabiroba – em duas escolas de Ensino Fundamental – Mário Meneghetti, no Getúlio Vargas, e Luiz Augusto de Assumpção, no Laranjal –, e no recém-inaugurado Espaço de Referência para a Juventude, no Navegantes.
O grupo de facilitadores também vai aumentar no segundo semestre; uma capacitação em outubro habilitará mais dez profissionais para o programa. Atualmente, 14 facilitadores do Município são instrumentalizadas para aplicar o ACT. Também participaram da formatura o vice-prefeito Idemar Barz, os secretários de Educação e Desporto, Artur Corrêa, e de Assistência Social, Luiz Eduardo Longaray, o coordenador do Pacto, Samuel Ongaratto, o juiz titular da Vara de Execuções Criminais Regional, Marcelo Malizia Cabral, e o vereador Antonio Peres (PSB).
O ACT e o Conte Comigo – metodologia socioemocional que aposta no compartilhamento de livros para fortalecer vínculos afetivos – foram introduzidos em Pelotas a partir do Estudo Piá, em julho de 2018 (fruto da parceria entre a Prefeitura e o Centro de Epidemiologia da UFPel). A pesquisa, sob responsabilidade do professor e doutor em Criminologia pela Universidade de Cambridge, Joseph Murray, consiste em monitorar a aplicação das práticas e avaliar seus resultados.
Durante nove semanas, o ACT utiliza-se de discussões e dinâmicas para elucidar maneiras de reagir de forma positiva às dificuldades emocionais e sentimentos aversivos das crianças. A ideia é preparar mães, pais e cuidadores para relacionarem-se de forma mais saudável com as crianças e construírem ambientes mais seguros e livres da violência.