Equipe da SMS se reúne semanalmente com gestores dos hospitais credenciados com objetivo de acelerar o acesso ao atendimento
Por Roberto Ribeiro 05-02-2025 | 15:44:31
Reduzir filas para consultas, cirurgias e ocupação de leitos clínicos tem sido uma prioridade da administração municipal na área da Saúde. Atualmente, Pelotas enfrenta desafios significativos na área, com 60 mil pacientes à espera de atendimentos especializados. No Pronto Socorro (PS), uma média de 60 pessoas aguarda vaga em hospitais. Além disso, existe uma demanda reprimida de 118 pacientes oncológicos cujas consultas solicitadas até a virada do ano ainda não haviam sido agendadas. Sem contar as cirurgias eletivas: são cerca de oito mil (sem contar as de catarata) a serem realizadas no município.
Superar essa realidade não é tarefa fácil, reconhece a secretária de Saúde, Ângela Vitória Moreira. Alterá-la passa obrigatoriamente pelos quatro hospitais do município credenciados para atendimento SUS - Beneficência Portuguesa, Santa Casa, Hospital Escola (HE/UFPel) e Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP/UCPel). Por isso, a nova gestão, desde que assumiu, se reúne semanalmente com os representantes desses estabelecimentos a fim de estudar alternativas em conjunto para que o serviço se aproxime da necessidade da população.
Desses encontros se desenha o diagnóstico que aponta para o tratamento que a saúde pública precisa se submeter em Pelotas para respirar sem ajuda de aparelhos. Não é tão simples. “Neste momento, se cada um dos quatro hospitais pudesse oferecer mais 15 leitos, o tempo de espera no PS cairia significativamente”, afirma a titular da SMS.
Outro problema apontado pela secretária é o tempo de ocupação dos leitos hospitalares, média de 14 dias, o que é considerado alto. Em geral, ela explica, o problema decorre não exatamente da necessidade de permanência do paciente no ambiente hospitalar, mas por outros fatores, como a demora para realização de exames e para ter acesso a alimentos (para iniciar uma dieta) ou a medicamentos especiais.
Com o diagnóstico em mãos, a SMS elabora respostas para fazer a fila andar - sempre em conjunto com os hospitais. De acordo com Ângela, a ideia é apostar na melhoria do serviço a partir da vocação de cada unidade. No caso da Beneficência Portuguesa, a secretária cita, se discute a ampliação da oferta de consultas no setor de oftalmologia para pacientes em situação de urgência. Mesmo caso para a cardiologia, hoje limitada em 70 por mês. Na Santa Casa, o desafio é aumentar a rotatividade de pacientes para ampliar o acesso à primeira consulta na área de ortopedia. Santa Casa, ainda: conforme a titular da SMS, outro obstáculo a ser superado visa credenciar novos serviços de alta complexidade em onco-hematologia. “Hoje pacientes com leucemia estão sendo levados a Porto Alegre para tratamento, quando Pelotas tem capacidade técnica para resolver, apenas precisa de alguns ajustes na estrutura, na gestão e contar com os profissionais necessários - esta realidade [necessidade de deslocamento] causa desconforto às pessoas e estamos nos dedicando a mudá-la”, afirmou a secretária.
No HE, além da negociação para o aumento de leitos clínicos, é importante expandir consultas em urologia; o HU igualmente precisa ampliar a oferta de leitos clínicos e dotar o quadro de profissionais para cirurgias cardíaco-pediátricas, aproveitando a estrutura existente.
Segundo o prefeito Fernando Marroni, paralelamente às negociações com os gestores hospitalares, na recente visita em que anunciou a regionalização do Programa Nacional de Atenção Especializada (Pnae), voltado à redução das filas para acesso ao SUS, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, sinalizou apoio a um programa de redução de filas específico para Pelotas. A iniciativa está em elaboração na SMS. A gestão local da saúde conta também com o apoio do Pnae, que prevê acréscimo nos valores repassados se os hospitais aderirem a uma chamada “linha de cuidado integral” que será aberta no Programa.
“Reconhecemos neste primeiro mês de gestão que as filas de acesso a atendimento precisam diminuir bastante em Pelotas, e trabalhamos para isso, o que mais fazemos, além de negociar e reforçar o canal de diálogo com os hospitais, é identificar os obstáculos para ampliar as ofertas e aumentar a resolutividade dos serviços, apoiando os hospitais tanto na busca de recursos financeiros como na governança da distribuição dos recursos - exemplo disso é quando existe profissional em um serviço e equipamento em outro, buscamos as possibilidades para trabalho integrado”, explica o prefeito.