De janeiro a agosto deste ano, 78 círculos foram realizados nas escolas municipais, beneficiando 1.293 alunos e professores
06-09-2019 | 17:30:28
Oportunizar o diálogo e a construção coletiva de ambientes mais harmônicos e seguros nas escolas municipais norteia a realização dos Círculos de Construção da Paz em Pelotas – momento onde são postos, frente a frente, quem compartilha a rotina nos educandários para fortalecer os vínculos, resolver conflitos e consolidar a paz nos espaços escolares. A atividade integra as ações de Justiça Restaurativa (JR) – base da pirâmide da prevenção à violência, implantada pelo Pacto Pelotas pela Paz.
Município passa a contar com instrutora de Justiça Restaurativa
De janeiro a agosto deste ano, 78 círculos foram realizados nas escolas municipais, beneficiando 1.293 alunos e professores de todas as regiões da cidade. Em todos os grupos, algo em comum: a chance de expressar suas opiniões e emoções, ouvir o próximo e buscar amenizar as diferenças que, às vezes, levam aos problemas de convivência. A coordenadora da JR na Secretaria de Educação e Desporto (Smed), Jussara Cruz, observa que o círculo representa um espaço onde o aluno tem voz.
“É o lugar para ele articular suas ideias, pensar de forma crítica e compartilhar seu ponto de vista. Para o aluno extrovertido, que adora falar em sala de aula, o círculo oferece a prática de escutar e aprender com o que os outros têm a dizer. Para o aluno introvertido, que é mais reflexivo e reticente, a atividade oferece uma estrutura confiável, onde ele pode começar a desenvolver a sua voz”, esclarece Jussara.
A coordenadora, que é a única instrutora em Justiça Restaurativa na rede municipal de Pelotas, frisa que a ferramenta pedagógica, quando empregada de maneira correta, também colabora no desenvolvimento da inteligência emocional. “O direito de passar a vez [para falar] reduz o medo e o estresse, dando maior possibilidade de participar de forma construtiva. A escolha genuína de dizer ‘não’ encoraja os alunos, contando que as perguntas sejam reais e significativas”, argumenta.
A orientadora educacional está entre os 25 instrutores habilitados da primeira turma formada pela Escola Superior de Magistratura (Ajuris), em agosto, com participantes de diversos estados do Brasil. O primeiro curso de JR, ministrado por ela, ocorrerá em outubro e formará 24 profissionais da rede de ensino – o grupo se somará aos 51 facilitadores já capacitados no Município, que atuam em 37 educandários. O curso terá duração de 20 horas e será certificado pela Smed.
“A formação é um convite à conexão, onde evidenciamos que, por meio dos círculos, podemos liberar o potencial e a nossa vontade coletiva para criar o mundo de paz que desejamos”, concluiu Jussara.